26 dezembro 2009

FELIZ 2010 A TODOS !!!

15 setembro 2009

A Ponta da Praia



A Ponta da Praia

E ali estava eu, novamente parado frente ao mar... Como se ainda ouvisse o marulhar das águas nas pedras que estavam sob os meus pés úmidos e frios.

Meu olhar penetrava reto e profundo o horizonte, querendo encontrar o primeiro raio de sol que iria aquiescer-me do frio de tão longa espera. Não era a primeira, mas a mais longa de todas as esperas.

Não sei porque, mas o encontro daquele momento, bordou de tão bela a minha maldade humana, que tudo levava meu pensamento mar adentro. E ele se misturava com aquele estranho bailar dos peixes que, eu sinto, algo queria dizer-me. Mas eu não compreendia. Luzes estranhas, âncoras perdidas e gemidos vazios mesclavam-se no emaranhado de água, sal e pensamento.

Nada, nem um raio de sol. A água ali estava, escura, fosca, mas eu a via, a sentia translúcida. Montanhas erguiam-se do nada à minha volta e assim se perdiam no mundo que sustentava meu corpo... Ouvi gritos muito perto de mim. Incrível como isso ocorrera, pois meu mundo era outro e eu na realidade não estava ali.

Lembrei-me quando fui pela primeira vez à ponta da praia. Foi num dia, apenas num dia. Ela estava vazia e úmida... Exatamente como a sinto agora.

... Mas cá estou eu novamente. Vejo-me outra vez em pé sobre as pedras da praia. Começo a sentir a água fria subindo por minhas pernas. Sinto cada grão de areia que tanto me ensinou. Na realidade, cada um faria parte do meu pensamento. Cada um deles seria o meu Eu. E todos ali... À minha volta.

É estranho agora, pois nada ouço e já está tão escuro, sombrio. Caí então de joelhos, meu corpo estava cansado. Um clarão enorme. Projetei-me à frente desesperado à procura do meu raio de sol. Meu pensamento parara e com um esforço descomunal coloquei-me ereto. Tudo girava, menos o mar. Ele ainda jazia lá, bem à minha frente.

Tentei então avançar uma das pernas, mas... Quais pernas ?

Eu não as sentia. Eu não me enxergava mais. Nunca me enxerguei. Por que seria agora ?

E então ? E os bailados, as âncoras, as areias ?

...Só um grão sobrara, e ele boiava bem à minha frente. E foi indo, indo, o mar abriu seus braços, as montanhas explodiram, os peixes gargalharam, o vento sorriu, o sol mergulhou nas águas e eu me atirei. Atirei o que sobrara de mim contra os braços que eu tanto esperei.

...Mas o grão de areia afundou.

Renato Baptista

20 julho 2009

Meu Mar !


Meu Mar !

O Mar ! O mistério das águas profundas.
O horizonte sem fim. O nada.
Meu olhar fixo em tudo o que se move.
Gaivotas dançam no ar e atiram-se felizes
e traiçoeiras nas águas irrequietas
que cada vez mais se agitam.
Meu peito estremece e a ação é contínua.
Uma montanha estranhamente disforme e cristalina
começa a se formar bem ante aos meus olhos.
Eu assisto àquilo completamente pasmo.
O Gênesis.
A vaga está cada vez maior, enorme agora,
e eu me sinto feliz.
É o mundo ante mim.
Sinto a vida em meu coração
e o processo continua num crescendo
prestes à explosão.
Toda aquela água, aquela espuma,
parece mirar-me e eu a chamo gritando,
quase implorando e ela sem hesitar,
desmorona em minha direção.
Venta muito e eu estou ereto,
com o pensamento quase nu.
É um êxtase.
O estrondo, a coloração, o sentimento de vida.
Sinto-me vivo, querendo beijar a espuma
e envolver-me em seus braços traiçoeiros.
...como as gaivotas.
Passam-se alguns segundos
e eu me vejo ajoelhado,
vendo incrédulo,
o mar querendo beber aquilo
que era um pouco de mim.
E a onda vem, vem... Cada vez menor.
Eu agonizo. E ela diminui mais ainda
... Vem chegando cada vez mais plácida
e acaba por respingar as minhas pernas
aquilo que deveria embeber o meu espírito.
Vejo bilhares de bolhas se espalharem na areia
e dentro delas, dentro de cada uma delas,
um pedaço de mim.
Foi exatamente aí,
que as gaivotas, traiçoeiras, brincando,
levaram o meu coração.
Antropófagas !

Renato Baptista

14 março 2009

Academia da Força Aérea Brasileira - Um Show de Organização e Respeito.

Estive visitando a AFA – Academia da Força Aérea Brasileira sediada na cidade de Pirassununga. É de impressionar o lugar. Uma fazenda de não sei quantos alqueires que contém toda uma estrutura de auto-suficiência para os soldados da força aérea e para os cadetes que lá que estão se formando tendo em vista o oficialato. Em um dos hangares, tive a surpresa e a satisfação de conhecer a sede da “Esquadrilha da Fumaça”. Fiquei abismado com a educação, o respeito e a forma solícita como os soldados e oficiais recebem as pessoas e explicam desde a história da esquadrilha até a demonstração do aviões por eles usados. Cheguei perto dos aviões, recebi instruções de funcionamento, assisti à manutenção das aeronaves e tive a honra de apertar a mão do comandante-chefe da esquadrilha.



Lá na sede existe um museu que expõe as condecorações, capacetes usados, fotos de performances e miniaturas de aviões. Para quem gosta é a coisa mais linda de se ver.
O que não entendo é porque esse lugar, que fica a 220Km de São Paulo, é tão pouco divulgado e assim ninguém tem conhecimento de que se pode estar pertinho de pilotos e aviões tão especiais, afinal eles são reconhecidos mundialmente como os melhores pilotos do mundo.
Acho que merecíamos uma forma de poder estar mais perto dessa equipe e assim aprendermos um pouco do que é a sua organização.
É claro que não é tão fácil assim entrar lá. Existe toda uma normativa e é necessário um convite especial, ou coisa que o valha, para poder-se ter o prazer de conhecer aquele lugar tão especial.
Quem quiser conhecer um pouco da Esquadrilha da Fumaça, acesse o site: http://www.esquadrilhadafumaca.com.br/... Vale a pena conferir.

Renato Baptista

14 fevereiro 2009

Campeonatos Regionais – Mesmice Crônica.




Campeonatos Regionais – Mesmice Crônica.

Analisando a fundo os campeonatos estaduais, chegamos à conclusão que eles têm o seu charme, isso é indiscutível, mas acabam sendo uma mesmice absurda. Salvo um ou outro time médio ou pequeno que tem uma luz naquele momento e brilha , deixando algum grande para trás nas finais, são todos a mesma coisa.
O Carioca como eu disse aqui, é feito para os 4 grandes indiscutivelmente. Neste ano estamos vendo as aberrações do Fluminense e do Vasco que nos surpreendeu com esse negócio de escalar jogador irregular. Não bastou o rebaixamento no Brasileiro, ainda apronta uma dessas, que é total falta de profissionalismo dos responsáveis.
Mas o campeonato não acabou e as coisas se encaixarão pelo visto, conforme o “combinado”. Vale a pena dizer também que a fórmula do campeonato, apesar de tudo, é interessante, pois os times disputam 2 taças (que são na verdade os 2 turnos), mas com semifinais e finais e depois as grandes finais. E isso gera interesse do público apesar da facilidade que os grandes têm de serem campeões.
Em Pernambuco, lá estão o Sport, o Náutico e o Santa Cruz na cabeça e não se fala mais disso. No Rio Grande do Sul, em Minas e no Paraná é o que se vê. É só olhar a tabela de classificação e perceber o que eu digo, salvo alguns deslizes aqui e ali.
Na Bahia é daquele jeito, vão levando... é Bahia e Vitória e ponto final, a não ser que o Fluminense de Feira apronte uma boa...rs.
No resto do Brasil, bom, jogam bola apenas, salvo os times de Santa Catarina que dão umas esticadas, mas não seguram a onda por muito tempo e todos sabem.
Fico aqui pensando se têm validade mesmo esses estaduais desse jeito, porque fazem o torcedor perder o interesse e os estádios vivem vazios, a não ser quando jogam os times de massa. Mesmo assim, as coisas não são mais como eram, porque não está fácil pagar ingresso hoje em dia.
Antigamente tínhamos o Rio-São Paulo, o Brasileiro de Seleções... era uma rivalidade interessante e isso movia os torcedores. Hoje o que se faz é esperar o Brasileiro para ver quem sobe e quem desce... e a série B sempre tendo a visita de times grandes e de tradição. Isso até que é interessante e move a opinião pública.
Completa-se o quadro com a Copa do Brasil, que classifica um time para a vitrine da Libertadores mas que tem na sua maioria times sem expressão alguma e não passa de um torneio político, mesmo sendo um passaporte, um atalho, para alguns grandes que foram mal no Brasileiro e que podem chegar ao Mundial Interclubes.
O Brasil é grande demais e o regionalismo está ficando sem apelo porque os grandes craques não estão mais aqui e os times grandes só conseguem colocar em campo jogadores razoáveis e que não têm mercado fora, e os pequenos e médios desfilam com o que sobrou e viram saco de pancada. Essa é a realidade, infelizmente.
Talvez a saída fosse re-estruturar o Brasileiro e criar uma fórmula diferente de acesso e descenso onde teríamos 2 fases semestrais, mas na verdade isso é algo para ser pensado e digerido, porque do jeito que vai, o futebol está cada vez mais sem graça.

Renato Baptista

Direitos Reservados

09 janeiro 2009

Confraternização ou a solidão da leitura...



Confraternização ou a solidão da leitura...

Simplesmente não se deve envolver-se em solidão quando se adentra os caminhos que as linhas dos livros impõem. Cada palavra, cada letra é capaz de abraçar e de fazer o carinho que se espera do saber esperado.
Solidão não é assim, tão doce e graciosa, tão eloqüente e abrangente, tão compensadora. Perpetua-se o silêncio, esse sim, quando se atropela os ensinamentos que são tão gratuitamente oferecidos. Depende de cada um, apenas saber absorver e vivenciar aquele momento.
E na verdade, esse silêncio leva à interiorização e ao desprendimento, à total oração interna onde há o encontro e a realização enquanto se compreeende as pautas colocadas.
Definitivamente, solidão não existe quando os personagens das histórias desfilam ante os olhos e proporcionam emoções que fazem pensar, e o leitor compactua e brilha com todos eles, tornando-se coadjuvante ativo naquele momento tão perfeito.
Livros são devaneios, são tratados onde a interpretação é o que deve persistir. Se alguém se entrega à solidão ante o ditame tão proferido de que “Penso, logo existo”, e não consegue imaginar que uma pedra existe e que definitivamente não pensa, acredita-se que para essa pessoa, seu mundo é realmente de solidão absoluta enraizada na falta de interpretação crônica.
E daí a confraternização, onde mãos se tocam, corações batem juntos e se abraçam, formam a mais completa parábola da relação humana. E nesses momentos fluem palavras, versos, tristezas e alegrias que os livros despertaram, qua a vida reservou, e assim, entre a confraternização e a revolução que o tema despertou, forma-se uma expressão de vida.
Há momento para tudo, para aprender, para respeitar, para amar, para sorrir e até mesmo para que nos encontremos na nossa solidão para que possamos aprender as verdades da vida e ainda, para que possamos transmití-las aos nossos semelhantes nos momentos sublimes de confraternização e entrega.
Perdão aos intimistas e aos que propõem o simples definitivo do credo. Cada dia que o nascer do sol anuncia é feito para ser vivido intensamente, mas por sua vez, como se não houvesse amanhã. Solitário por momentos ou em grupo desta ou daquela vez, o saber viver é o que conta.
Antes, cada amigo ou cada amor sentido fizesse parte integrante e ativa dos capítulos dos livros que se perpetuam.
Com certeza eles fazem, e solidão, com certeza, não cabe nesse compêndio.


Renato Baptista

Direitos Reservados