19 julho 2008

Por incrível que pareça...



Por incrível que pareça...

“Quando minha prima e eu descemos do táxi, já era quase noite. Ficamos imóveis diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles, vazado por uma pedrada. Descansei as malas no chão e apertei o braço da prima.
- Sinistro.
Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão nas redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes com liberdade de usar o fogareiro do quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer as refeições ligeiras com a condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima, cheirando a creolina.
- Pelo menos não vi sinal de barata, disse minha prima.”
(Trecho inicial de Lígia Fagundes Teles)

Ao falar isto, apareceu um exército enorme de baratas gosmentas, nojentas e gordinhas babando para todos os lados. Desesperadas elas saíram correndo, mas o exército seguia-as para onde elas fossem e quando elas iam passar pela porta para irem embora daquele lugar, apareceu o dono da pensão com um rato entre os dentes e um machado ensangüentado nas mãos. Lúcia a prima de Carol falou:
- Estamos fritas.
Carol respondeu :
- Você está enganada.
Carol deu um duplo twist carpado mortal duplo para trás e fugiu das baratas e do dono mau da pensão, porém Lúcia não teve a mesma sorte, as baratas começaram a subir por ela, algumas entrando pelo nariz, outras pela boca até chegar ao cérebro. Enquanto isso, o dono da pensão despejava machadadas, cortando Lúcia em pelo menos 483 pedaços. Carol desesperada entrou num banheirinho que havia no andar de cima da pensão. Ao trancar a porta ela olha para trás e vê um vampiro enorme com seus dentes afiados e babando para ela, sorte dela que ele era covarde, pois ao dar uma cotovelada nele, o vampiro começou a chamar a sua mãe e a chorar como um louco. Ele chorou tanto, tanto que a sala inundou impossibilitando a saída de Carol. Esta, enlouquecida, afundou a cabeça para ver se havia alguma escapatória lá embaixo. Ao abaixar a cabeça ela vê um tubarão com uma bazuca apontando para ela.
Ela virou para o outro lado e viu o espírito de sua amiga Luíza, mas, Opa, ela não estava normal, ela havia virado um espírito mau e deu para perceber rápido pois a Luíza estava girando uma maça preparada para atirar em Carol. Carol afundou mais ainda e por sorte encontrou uma passagem secreta para fora da pensão.
Ao sair desta, deparou-se com uma nave alienígena lotada de zumbis e extra-terrestres com 79.000.000 de braços, pernas e olhos grandes com crostas de sujeira preta. Estes gritavam:
- Fugir não, Fugir não, Fugir não !!!!!...
...Empurraram-na para dentro da casa de novo. Lá dentro novamente, ela vê o dono da pensão com o machado, as baratas, o vampiro, o tubarão com a bazuca, o espírito de Luíza, os zumbis, os aliens, um dragão soltando fogo e um exército de bruxas maléficas soltando raios e trovões pelos olhos rosa pink.
O dono da pensão deu três passos à frente e falou :
-A sua única escapatória é virar um de nós. Beba esta poção mágica que transforma menina coitadinha em lobisomem maléfico.
Carol não tinha mais saída...Até que se lembrou do vidrinho de antídoto radioativo extra-extraordinário, contra todos os males do Universo, que o motorista do táxi que as tinha levado até lá a tinha confiado.
Carol o engoliu com vidro e tudo sem que os monstros percebessem. Na seqüência, Carol pegou a poção da mão do dono da pensão e disse que aceitaria virar o lobisomem.
Ao tomar a poção, nada acontece e Carol sai correndo pela porta com os monstros atrás dela.
Ela se esconde atrás de uma árvore que tinha ali por perto.
O único que viu foi o tubarão com sua enorme bazuca que se preparou e atirou...o disparo foi desastroso. Matou todos menos Carol.
Carol muito feliz por ter se livrado de praticamente todos os monstros, sai de trás da árvore e quando o tubarão vai atirar nela de novo, chega um carro do ibama que pega o tubarão de surpresa por trás. Muito bravo o tubarão largou a bazuca no chão para que o fiscal não atirasse em suas costas. Ele então é algemado e levado para a delegacia de tubarões para ser preso , pois foi condenado a 50.001 anos de cadeia.
Carol muito feliz e satisfeita chama um táxi para a levar de volta para casa.
Óh!!! O táxi é o mesmo que a trouxe a esta pensão. Carol agradece muito ao motorista pelo antídoto e vai para casa mais feliz do que nunca.
No caminho...O motorista diz que deu o antídoto a ela porque sabia dos perigos daquela pensão. Ele também disse que a tentou avisar mas que ela não havia deixado. Carol agradeceu novamente, desceu do táxi e chegou em sua casa sã e salva...Por incrível que pareça.


Arthur Baptista - O Contista

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Um comentário:

Aíla Sampaio disse...

Arthur, vê-se que você é leitor da Lygia. Intertextualizou bem o conto "As formigas" e foi inteligente ao usá-lo como epígrafe. Parabéns!

Abraço, Aíla Sampaio