07 setembro 2010

Lixo Literário na Internet



Lixo Literário na Internet.

A difusão da Literatura na Internet é algo muito interessante se analisarmos alguns aspectos práticos.
Esse meio proporcionou a milhões de pessoas do mundo todo um canal de distribuição farto para escritos que até então elas nunca imaginariam que pudessem ser divulgados.
Formaram-se academias, sites livres especializados, sites e blogs particulares, redes sociais, e teoricamente fundou-se o movimento do “Virtualismo” que, acredito, um dia, será estudado como uma Escola Literária.
Aí é que reside o problema. A liberdade de expressão, que eu defendo com unhas e dentes, não está sendo utilizada com responsabilidade por algumas pessoas.
Há quem diga por aí que o Virtualismo está se despedaçando em função do grande volume de “lixo” literário publicado aleatoriamente.
Claro que existem parâmetros na literatura para que se identifique isso, e não sou eu que vou julgar, mas ninguém que tira seus poemas ou escritos de uma gaveta e os publica, tem a pretensão de ser um Vinicius. A idéia é apenas publicar, ser lido por outras pessoas, ser comentado e receber elogios, críticas construtivas... Não importa.
Claro também, que existem os aproveitadores que procuram e só aceitam elogios e ainda os que precisam mostrar para todo mundo que foram lidos por 200.000 pessoas, isso mostrado por 200.000 comentários que recebem no seu blog, e que para terem isso, vão alucinadamente em milhares de blogs “aleatórios” (sempre existem as segundas intenções) deixar algo bem “carinhoso” e que com certeza trará retorno.
Temos então que não existe leitura, apreço, reflexão... o que existe é um vai e vem tresloucado de intenções e um “ôba ôba” generalizado onde o que menos importa é o texto, o escrito e a imagem, ou seja, vulgarizou-se a coisa toda.
E com isso perdemos todos, todos aqueles que querem estudar, criar, fazer poesia, prosa, ou seja lá o que for, porque seus textos não são nem lidos direito (basta ver os comentários expostos que na maioria das vezes mostra que o texto não foi lido e nem entendido).
Alguns publicam uma imagem, 4 linhas sem sentido e acabam endeusados por centenas de fãs que juram pelo mais sagrado que tudo ali é perfeito.
Deve haver senso crítico! Deve haver uma decisão entre literatura e banalidade! Deve haver uma união dos escritores onde blogs e escritos de valor recebam o seu devido valor (mesmo que sejam aprendizes) e que esses banais fiquem no seu canto, pois tudo é permitido e tudo deve ser aceito, mas que cada coisa ocupe o seu lugar.
E por aí lemos desafogos, angústias, medos, amores mal resolvidos... lemos alegrias, crenças e amores vibrantes, eloquentes e aquecidos. Há de tudo um pouco. Uns muito bem escritos, outros mais ou menos e outros ainda... péssimos segundo quem entende do assunto!
Mas repito, não importa nada disso, pois as conversas entre autores, a irmandade, o convívio diário, tudo isso faz com que tenhamos um grande aprendizado uns com os outros fazendo com que as pessoas cresçam, identifiquem-se, melhorem a cada dia a sua performance e aos poucos vão se situando, aprendendo estilos, técnicas e por aí vai.
E os que se aproveitam desse meio para criar armadilhas sensuais e bobagens crônicas que fiquem no seu canto, que não invadam quem está na web com um propósito verdadeiro e são.
Mas é aí que mora o perigo e onde aparecem dois problemas que identificamos de cara:
Como faz parte da característica humana, vemos o ciúme e a inveja correrem soltos com relação a este ou aquele escritor e até a loucura generalizada de alguns que participam do meio apenas com o intuito de destruir pessoas que apenas, um dia, resolveram publicar um escrito seu e que naquele momento estão se sobressaindo de alguma forma.
O outro problema é que toda essa salada de emoções e a abertura de corações e mentes em versos e escritos (principalmente de mulheres), torna-se alvo, o que é um prato cheio para os, talvez, internautas de plantão e pessoas mal intencionadas que navegam à solta e usam desse meio para criar os seus meandros que nada tem a ver com literatura.
E são esses que fazem o seu bloguezinho, alguns fechados (travados por senha), e não mostram a cara, nem nome, nem foto, nem nada (deixam apenas o e-mail para “contatos”) e acham que podem sair por aí conquistando quem está vulnerável e expõe isso através de poesia com a maior das boas intenções.
São esses os acostumados apenas com os seus chats de namoro, encontros, imagens eróticas e algo mais, ou, apenas desavisados à procura de aventura com corações que acreditam ser solitários.
Esses caras, digo caras porque não se vê muitas mulheres fazendo isso, descobrem esse tipo de reduto e se aprontam e se direcionam imediatamente após lerem alguns poemas ou textos que falam de amor, escritos sensuais, enfim... Essas pessoas vêem ali escrito tudo o que queriam ler no seu chat da madrugada ou em outro lugar vulgar qualquer, e a seu ver, escritos por poetas especialistas na arte de amar, querendo amar sem fronteiras quando na verdade aquilo é POESIA e eles como não conhecem poesia, acham que tudo ali existe com outro fim. Ignorância!
Acham que encontraram a Disneylândia e que todas as poetas estão à sua disposição ali e que estão ainda em busca de companhia, e de preferência... a dele. Ridículo!
Lêem tudo de algumas pessoas apressadamente, anotam os nomes que interessam conforme suas preferências e iniciam a caça ao seu objeto de prazer, e se tornam seguidores, comentam, buscam, distribuem beijos e carinho e por aí afora. E ficam aguardando a resposta.
E nos seus blogs escrevem e publicam daquele seu jeito tosco, sem conteúdo algum, segundo os entendidos, para justificar as idas e vindas.
O pior é que existem ainda, os que fazem tudo isso travestidos com nomes fictícios com a mera intenção de tumultuar o bom andamento das coisas e o bom convívio de todos.
Até a mais esperta das pessoas confundiria as bolas e acharia que são escritores de verdade e embarcaria nesse barco furado que detona o Virtualismo Literário.
E muita gente já se machucou assim, naufragou mesmo, e foram bastante fundo se querem saber, pois essa gente é capaz de se esconder por trás de vários nomes e situações diferentes para que suas intenções tenham resultado de um jeito ou de outro.
A grande verdade é que quem está na chuva é para se molhar e há quem goste disso tudo, mas que haja uma separação entre quem faz arte e quem “faz arte” apenas, assim todos seriam felizes, cada qual no seu canto.
Já vimos muitos virem e irem embora de volta aos seus redutos pitorescos, mas acabam deixando sempre uma mancha no caminho, infelizmente. Deixam gravados e expostos no virtual o seu lixo literário pernicioso e mal acabado e pior, corações feridos aos montes.
Na verdade, não pode haver crivo e nem censura (a liberdade de expressão é fato), portanto essa coisa não vai acabar nunca e, sendo assim, para sempre veremos maculada o que seria uma escola de literatura que antes de mais nada estaria colaborando com a cultura deste País sedento de letras.
O que deveria haver é o bom senso dos que acreditam que é possível fazer deste meio algo construtivo e sendo assim, que decidam de que lado querem ficar.
Fica aqui o alerta e a indignação e ainda, a crença fiel de que cabe a nós mesmos evitar que fatos assim denigram e deponham contra a nossa Virtual Classe de Escritores Aprendizes e Amadores bem intencionados.
Creio na liberdade de expressão e não na libertinagem expressa, e creio ainda que nos cabe criar um mundo melhor para os nossos filhos com respeito à individualidade e ao próximo, não querendo torná-los simples objeto do desejo alheio de forma covarde.
O pensamento é simples... temos que tentar manter a nossa integridade e a integridade dos blogs e sites e redes sociais de literatura a todo custo, pois os que os mantêm, o fazem a duras penas e creio que no mínimo deve haver respeito a isso.
Não pode haver espaço para gente que tem o intuito de tumultuar ou fazer desses estudos uma temporada de caça ao sexo oposto.
Para finalizar, como sempre, alguém por aí vai se ofender violentamente com esse meu texto ou vai dizer que eu devo é me limitar a escrever poesia, como já disseram uma vez... Mas não ligo, pois sou transparente o suficiente para saber o que penso, o que digo e onde piso, portanto, que me perdoem os incautos e desavisados, mas eles não sabem o que fazem... contra a Cultura e contra a Educação!

Vamos fazer renascer o verdadeiro espírito da Literatura Virtual e fazer desse nosso meio algo verdadeiro.

Renato Baptista – Setembro 2010

8 comentários:

Luciene disse...

Vi sua postagem na Casa da Poesia. Li tudinho seu texto aqui. Isso serve para corrigirmos a nós mesmos também. Eu tenho muitos defeitos, infelizmente. Devo confessar que sou muito chata em relação à algusn tipos de poesia.

Eu tenho alguns contos de crônicas, que não são nenhuma maravilha, mas até crianças podem ler. Um dia quero postar "O diário de Renata" que foi publicado em alguns sites no ano passado, senão me engano. Talvez eu poste algum dia lá na Casa, algum texto em prosa. Como você deve ter percebido, não sou boa em fazer comentários.

Estou contente com meu blog, com o número de comentários que não são centenas, mas para mim está bom demais! Se houver alguma coisa errada em relação ao que escrevo, pode me dar um toque. Ah! Eu adoro quando me mostram algum erro de sintaxe, de ortografia em meus poemas, quando há. Aí é eu corrigo na hora, com prazer.

Por enquanto não tive problemas com internautas mal intencionados, porém, estou de "olhos abertos".

Abraços.

Renato Baptista disse...

Luciene...

A vida é eterno aprendizado... todos temos defeitos e muito o que evoluir em vários sentidos. O importante é fazer a escolha certa e na fé seguirmos por caminhos que nos levam à nossa verdade.
Meu texto é um alerta, um princípio que mostra que devemos nos unir, os poetas virtuais, e formarmos um movimento que valorize a poesia e os blogs que tratam de poesia, não de bobagens. Cada um na sua, como eu disse. Repeita-se todo mundo mas cada coisa tem o seu devido lugar nessa vida.
Seu comentário é muito pertinente sim e mostra sua preocupação em crescer poeticamente e não flutuar por aí em tratativas sem sentido literário.
Quanto às correções amiga... quem sou eu? Procuro acertar o máximo possível, mas a humildadde e ajuda mútua é que farão do nosso movimento algo de valor.
Chega de prepotência e desajustes que fogem às regras da literatura... esse é o meu pensamento.

Um grande abraço* minha amiga e obrigado pelo apoio importante.
Aguardaremos a publicação do seu "Diário de Renata".

Renato Baptista

Unknown disse...

Que iniciativa maravilhosa, sabe Renato isso acontece muito, eu mesma já fui e sou vitima, de pessoas que se aproximam de mim com intuito de fazer "amizade" e depois sutilmente me pedem para postar em meu blog, textos sem nenhum valor literário, por não serem lidos e comentados em seus blogs.
Justificam dizendo que tenho por obrigação valorizar todo tipo de texto, mesmo que seja afrontando e denegrindo a política brasileira e a literatura, com textos e crônicas absurdamente obscenas e profanas, prevalecendo-se do direito de expressão de um país democrático, expressão que por ética e bom senso, sabemos que tem limites.

Recebo diariamente em meu email solicitações desta forma, mas, acredito que um texto que não merece ser lido mais de uma vez, não pode ser divulgado.
Espero que as pessoas que lerem seu artigo caiam na realidade, o Brasil não precisa de critica destrutiva, precisa de mudanças sim e, elas devem partir de nós.
A literatura sofre por conta de mentes improdutivas, desejosas de aparecerem a qualquer custo.
Seu artigo me ajudou muito e fortaleceu minha fé, de que não estarei sendo injusta se recusar publicar ou apoiar tais atitudes.
Obrigada.

Márcia Vilarinho disse...

Escrever não só é uma arte como uma responsabilidade, pois não há de servir a poesia, ou a crônica, ou o conto, o romance, a crítica,apenas como forma de escape.

Escrever e propagar a visão de mundo, de sentimento, de valores, fazendo com que as idéias viagem, atinjam continentes físicos e continentes emocionais, mostrando e demonstrando que na soma se faz o mundo e o mundo é poesia.

O ser humano para nascer precisa de uma quantidade imensa de amor e quando se rompe precisa de outro tanto de amor pra se consertar e é na soma dos sentimentos, dos conhecimentos, da expansão almejada, sentida, vivida, na evolução pressentida que estamos todos a navegar, no sentido metafórico e real.

Qualidade é a marca do universo e se fomos selecionados para embriões e crescemos, nada mais sério do que perpetuarmos e acrescermos a qualidade da marca "ser" com que estamos fadados a vencer, nossos velhos hábitos podres, nossas marcas, nossos medos, nossos erros, somados para serem corrigidos, redirecionados, reciclados, na trilha que nos leva deste ao outro mundo, pátria original.

Nasceu, já, pois, o Virtualismo, como vetor de nova corrente liy
terária expansionada, e expansionista, imediatamente aos quatro continentes, que afora é apenas um, glogal, internetizado, internetizante, com a mesma grande qualidade.

Renato, teu texto nos conclama. Vamos!

Abraço, amigo

Márcia Vilarinho

mARa disse...

Querido compactuo com teus escritos no que tange ao vai e vem alucinado de muitos. Parece mesmo que a facilidade dos espaços proporcionou isso que vemos hoje. Eu aprecio o que é bem escrito, a Poesia diferente da prosa poetica, diria mesmo que o o extrato dos sentimentos, aquilo que resta em algumas palavras para dizer o muito que significou tanto da dor, ou do amor, aprecio por isso os haicais, poeminis, poetrix e tudo o que for minimamente bem escrito.

Querido tudo sempre lindo por aqui. Obrigada!

Paz e LUz!

Karina Aldrighis disse...

Amigo Renato, que assunto polêmico...eu aqui na minha humilde vidinha literária/virtual, não tinha analisado a questão por este ângulo...Tudo que posso fazer é rezar para que os leitores de "boa fé" tenham discernimento para separar as boas obras daquelas de "má fé". Infelizmente internet é tudo junto com tudo misturado...Exaltemos as obras de boa qualidade em espaços literários especiais como a nossa Casa da Poesia! Beijos pra todos!

Beki//bassan.reflexoes disse...

Querido amigo Renato,
Li com atenção seu conto e amei demais. Ainda mais que sendo judia
sei quanto as pessoas sofreram. Mas
o caso aqui foi de um pequeno desencontro inicial.
Um amor verdadeiro como o de Madeleine e David não sei, com sinceridade, se ainda existe. Imagina ela esperando até o final naquele frio mas resistente ela esperou. Até que não aguentou mais e partiu para o outro plano.
Já David por força de sua profissão foi de avião que caiu e nada sobrou a não ser um linda rosa vermelha que permaneceu viva.
Por motivos que não sei explicar a csa onde iriam morar não foi derrubada e estava intacta.
Hoje transeuntes percebem uma luz violeta, música vindo do interior da casa mas ninguém entra. Até podem ficar receosos de entrar mas para mim significa que forças astrais não permitem que cheguem lá. Mas a Rosa vermelha está na entrada da casa e bonita. Como explicar? Não sei.
Mas o importante é acreditar que eles estão lá juntos vivendo um amor etterno onde aquela rosa simboliza esta união.
Parabéns!
Abraços,
Beki

Veronica de Nazareth-Noic@ disse...

Sim, Irmão-Camarada...Sim...
como sempre, és um cara que observa, analisa, detecta...e se comporta "no nível". Infelizmente a net não é composta somente por pessoas com boa alma.
Concordo que é para ser um aprendizado diário e direto,mas que não é.E como poder saber/identificar os "Lobos Maus"? Eu não sei,ainda...e dói mesmo,quando "o lobo aparece" e lhe vemos a verdadeira face...
Desejo que com tua posição,consigas mais do que alertar,mudar um pouco a net. Estou nessa luta contigo,ok?
Bjo de Luz.