20 julho 2009

Meu Mar !


Meu Mar !

O Mar ! O mistério das águas profundas.
O horizonte sem fim. O nada.
Meu olhar fixo em tudo o que se move.
Gaivotas dançam no ar e atiram-se felizes
e traiçoeiras nas águas irrequietas
que cada vez mais se agitam.
Meu peito estremece e a ação é contínua.
Uma montanha estranhamente disforme e cristalina
começa a se formar bem ante aos meus olhos.
Eu assisto àquilo completamente pasmo.
O Gênesis.
A vaga está cada vez maior, enorme agora,
e eu me sinto feliz.
É o mundo ante mim.
Sinto a vida em meu coração
e o processo continua num crescendo
prestes à explosão.
Toda aquela água, aquela espuma,
parece mirar-me e eu a chamo gritando,
quase implorando e ela sem hesitar,
desmorona em minha direção.
Venta muito e eu estou ereto,
com o pensamento quase nu.
É um êxtase.
O estrondo, a coloração, o sentimento de vida.
Sinto-me vivo, querendo beijar a espuma
e envolver-me em seus braços traiçoeiros.
...como as gaivotas.
Passam-se alguns segundos
e eu me vejo ajoelhado,
vendo incrédulo,
o mar querendo beber aquilo
que era um pouco de mim.
E a onda vem, vem... Cada vez menor.
Eu agonizo. E ela diminui mais ainda
... Vem chegando cada vez mais plácida
e acaba por respingar as minhas pernas
aquilo que deveria embeber o meu espírito.
Vejo bilhares de bolhas se espalharem na areia
e dentro delas, dentro de cada uma delas,
um pedaço de mim.
Foi exatamente aí,
que as gaivotas, traiçoeiras, brincando,
levaram o meu coração.
Antropófagas !

Renato Baptista